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Foto do escritorDiogo Oliveira

Uma expedição científica com um cheirinho de férias: Os cheiros e sons da floresta de Ranomafana – 2 de agosto

Acordar no dia seguinte e ver a magnitude da floresta que tínhamos à nossa frente foi avassalador. Embora a noite tenha sido boa, eu estava em pulgas por acordar, espreitar pela janela e fazer uma pequena caminhada. Na noite anterior quando chegámos, foi possível ter a sensação de como seria a floresta, mas o cansaço era tanto que nem conseguia processar toda a informação. Passei largos minutos a olhar pela janela, enquanto esperava que os meus colegas acabassem de se despachar para irmos tomar o pequeno-almoço. Por momentos, nem acreditava que estava ali. Depois do Brasil, achava que não conseguiria visitar outra floresta tropical, e no entanto, ali estava eu juntamente com a Vanessa. Não tirei fotografias à floresta neste dia, acordámos demasiado tarde (justificável) e a luz não estava nada de especial. Decidi apenas desfrutar da paisagem e procurar animais.



As primeiras assinaturas

Ao pequeno-almoço ficámos a conhecer o plano para este primeiro dia, e se eu achava que em Portugal alguns estudos científicos eram complicados, fiquei a conhecer uma nova realidade. Antes de podermos dar início aos nossos trabalhos de campo, teríamos de nos deslocar ao gabinete do Parque Nacional de Ranomafana (Madagascar National Parks Office). Era necessário termos uma autorização da presidente do Parque para podermos realizar os diferentes estudos que estavam planeados, e claro para as capturas de morcegos. O gabinete localiza-se perto da cidade de Ranomafana, a alguns quilometros do centro ValBio, e isso implicava uma deslocação de carro. Como era necessário fazer o pedido para termos um carro que nos levasse ao gabinete, este apenas estaria disponível da parte da tarde. Esta visita foi curta, onde introduzimos o nosso projeto, entregámos um documento com alguns detalhes e recebemos a nossa autorização para entrar no Parque Nacional de Ranomafana! Estava a um passo de conseguir finalmente por um pé dentro da floresta para procurar animais. Mas ainda teria de esperar mais umas horitas.




Planeamento

Logo após o pequeno-almoço, enquanto o Ricardo tratava de conseguir um carro para nos levar ao gabinete do Parque. Eu, a Vanessa e a Talya ficámos a preparar algum material que seria necessário para os diferentes estudos científicos, desde as redes de captura, os audiomoths, entre outros. Por enquanto estávamos impedidos de visitar o Parque Nacional de Ranomafana, embora o centro de ValBio estivesse colado ao parque. Tínhamos um rio gigante a separar-nos! E a maioria dos animais estavam do outro lado, embora houvesse relatos de lémures a passarem nas árvores que rodeavam o centro, esses relatos eram raros e por isso, sabia que a probabilidade de ter a sorte de os ver a passar ali era muito baixa. E nada havia a fazer a não ser esperar pela autorização, que chegaria ao final da tarde. No entanto, teríamos de esperar pelo dia seguinte para finalmente entrarmos na floresta! Enquanto isso, eu preparava todo o meu material. Limpava o equipamento, separava pelas respetivas mochilas e confirmava que todas as baterias e pilhas estavam carregadas.



Os primeiros visitantes

Havia muito para explorar, mas tentei concentrar-me nas espécies que poderiam aparecer junto ao centro. E tentar estudar as suas rotinas para compreender como as poderia fotografar. Iríamos passar alguns dias no centro ao longo da nossa estadia, e por isso, havia que aproveitar ao máximo esse tempo. E por isso, entre planeamento e assinatura do protocolo, aproveitei para ficar num ponto elevado a observar todos os arbustos e árvores. Qualquer movimento era escrutinado e anotado, de forma a saber que locais eram apenas de passagem e quais eram locais de alimentação. Procurei também por insetos nos diversos arbustos e paredes de pedra, e lá fui encontrando alguns. O problema destes novos locais é que não temos noção do que podemos encontrar, e por isso, os meus olhos (e cérebro) não conseguiam processar toda a informação, escrutinando o que era folha ou o que era um inseto, ou melhor, um gecko! Mas neste primeiro dia apenas observei algumas aves a voarem por cima do centro ValBio, descobri um casal de peneireiros-malgaxe (Falco newtoni), que espantaram um gavião-cuco-malgaxe (Aviceda madagascariensis) que passou pelo seu território, também deu para ver algumas andorinhas e andorinhões (Cypsiurus gracilis), consegui ainda observar um beija-flor-de-bico-comprido (Cinnyris notatus) que andava nas flores à procura de néctar com o seu longo e curvo bico. Nada mau para um primeiro dia.



O dia seguinte

A ideia de que no dia seguinte íamos finalmente entrar na floresta enchia-me de energia, quase nem queria ir para a cama dormir. Mas sabia que precisava de todas as minhas energias para conseguir lidar com o que aí vinha. E tudo por um mero acaso, quando ao pequeno-almoço descobrimos que uma das cientistas iria no dia seguinte fazer uma visita ao parque e nos convidou a ir com ela, algo que foi aceite em segundos! Não estava nada preparado para a visita logo no dia seguinte, ainda estava a pensar como fotografar os animais em redor do centro ValBio, quanto mais entrar pela floresta a fotografá-los. Mas havia um ligeiro problema, é que para visitarmos o Parque teríamos de entrar bem cedo! E isso implicava estar perto das 6h à entrada de ValBio, ou seja, mais uma noite que não íamos descansar ao máximo. Antes de me ir deitar voltei a confirmar que todo o equipamento estava preparado. As baterias todas carregadas e guardadas, que o tripé estava bem montado e não ia perder peças ao longo da caminhada, isto porque ele veio desmontado dentro da mala do porão, e confirmei que tanto as câmaras como as objetivas se encontravam todas limpas. Não sabia bem o que ia encontrar, e por isso, tentei mentalizar-me de todas as possibilidades, de todas as alternativas, de todas as técnicas fotográficas que conhecia para que no dia seguinte saísse tudo perfeito. E fui tentar dormir um bocado...




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