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Foto do escritorDiogo Oliveira

Uma expedição científica com um cheirinho de férias: Uma viagem de carro atribulada – 1 de agosto

O merecido dia de descanso foi precedido de uma das maiores viagens de carro que alguma vez fiz. Foram mais de doze horas dentro do carro, o que a juntar às cerca de dezasseis horas de viagem de avião nos dias anteriores iria ser demasiado, e por isso, o dia de descanso era mesmo necessário. As nossas malas, que tinham ficado em Paris no dia anterior, chegariam já depois da uma da manhã!! Felizmente foi possível pedir ao condutor do táxi que nos tinha ido buscar para as ir levantar e assim pudemos ir para a cama mais cedo.

A viagem de carro começou ainda não eram seis da manhã, na verdade a ideia era sair perto das cinco horas para evitar o trânsito de Antananarivo, o que acabou por acontecer mesmo saindo ligeiramente mais tarde. A cidade ainda estava meia a dormir, silenciosa e escura. Por entre ruas e grandes avenidas avançávamos a boa velocidade, com exceção de uma paragem num controlo policial, conseguimos sair da cidade com o raiar do sol. A esta velocidade vamos chegar rapidamente a Ranomafana, julgava eu na altura. Nem imaginava o que ainda nos esperava.



Os primeiros quilómetros

A estrada à saída de Tana era relativamente boa, com apenas alguns pontos mais complicados, isto é, alguns buracos que implicavam quase parar o jipe para os ultrapassar. E nas primeiras 3 horas foi fácil, divertido, fomos conversando sobre diversos temas. Até esgotarmos a maioria dos temas, ficarmos sem energia e cada um ficar meio a dormitar, isto porque com tantos abanicos e mudanças de velocidade era complicado adormecer profundamente.

Com as primeiras luzes do sol, dava finalmente para ver a paisagem “deslumbrante” de Madagáscar, algo que não tínhamos tido oportunidade de testemunhar, visto termos aterrado de noite e não termos saído da cidade no primeiro dia (dia de descanso). Confesso que não era o que estava à espera, talvez por culpa dos diversos documentários de vida selvagem que fui vendo ao longo dos anos. Na maioria dos documentários apenas mostram as zonas verdes, as zonas intocáveis, as grandes manchas de floresta ou as zonas mais áridas e desérticas.

Mas quando estamos no terreno a sensação é completamente diferente! Não vemos uma mancha de floresta, as únicas aves que observamos são as galinhas e uma ou outra garça que se encontram nos campos de arroz, mas nunca em grande número. A maioria das casas encontram-se construídas recorrendo a argila e troncos, e uma ou outra lá apresenta uma construção mais moderna com tijolos fabricados no local ou construída já utilizando betão (mais perto das grandes cidades).

No que toca às zonas agrícolas, as zonas mais planas, localizadas nos fundos dos vales estavam praticamente cheias de arrozais ou campos de extração de argila para fabricar os tijolos, e as zonas mais montanhosas encontram-se cobertas de árvores, que para nosso espanto eram na realidade eucaliptos. Vim eu de tão longe para ver eucaliptos! É inacreditável. E a transição era imediata, a paisagem montanhosa que íamos cruzando, dava lugar a vastos campos de arroz ladeados por casas de argila e troncos, com a berma das estradas a servir de loja a céu aberto para vender todo o tipo de produtos.




Vendas ambulantes e multidões

Pelo caminho cruzámos algumas vilas de maiores dimensões, e pelo menos duas cidades. Nessas o ambiente era ligeiramente diferente. Na sua essência era uma grande confusão de pessoas no meio da estrada! As bermas estavam cobertas de lojas, pequenas bancas construídas com madeira, algumas eram a parte exterior do edifício que acabavam com roupa pendurada, e outras eram apenas os cestos com os produtos.

A carne estava ao ar livre, na maioria das vezes coberta de moscas, pronta a ser cozinhada. Noutros pontos vendiam comida pronta a ser consumida, e tínhamos à escolha uma seleção de frutas e fritos. Digamos que eu não provei nada…

Mas a confusão não se ficava pela multidão que caminhava ao longo da estrada. Eram bicicletas, eram carros de bois a carregar tijolos, eram carros de mão a carregar outros produtos, eram bicicletas de transporte de pessoas, acho que conseguimos ver de tudo nesta viagem a Madagáscar. E pelo meio o nosso jipe tentava cruzar as diferentes vilas e cidades para chegarmos ao nosso destino.

Foi uma viagem interessante, não só pela sua dimensão, mas também por este contacto próximo que tivemos com o dia-a-dia em Madagáscar. Infelizmente não tirei grandes fotografias, até porque nunca parámos a não ser para almoçar. E mesmo aí foi comer e regressar à estrada. A maioria das imagens foi feita com o telemóvel, que digo já, não é nada de especial. E o restante foi feito com a GoPro, mas infelizmente ainda não tive tempo de editar alguns vídeos para partilhar. Mas vou tentar adicionar ao YouTube o quanto antes.



Os primeiros sinais de verde

Havia muito para escrever sobre esta viagem de carro, fora os momentos em que estive a dormir e apenas sentia os buracos a ficarem mais fundos a cada momento. Sendo que o melhor estava guardado para fim. Como acontece em grandes blockbusters, a parte mais interessante apenas chega quando o filme está a terminar.

Quando estivemos o dia todo sentados à espera daquele momento eureca, e nada. E no nosso caso, era o sol que teimava em desaparecer no horizonte precisamente quando nos aproximávamos do nosso destino. E isso podia significar apenas uma coisa. Estávamos a chegar à floresta tropical.

Era o primeiro sinal de um habitat natural de Madagáscar. E quando finalmente cruzámos a fronteira entre as casas e os terrenos agrícolas, e começamos a desbravar terreno dentro da floresta, parecia que tínhamos entrado num filme do Jurassic Park! A estrada como que se fechou à nossa volta, a floresta cobria-a dos dois lados e nalguns casos o topo da estrada também.

Infelizmente o sol já estava para lá do horizonte fazia uma hora, e por isso, estava demasiado escuro para conseguir ver seja o que for. Com o cansaço apenas tinha energia para espreitar para fora da janela, e como já estávamos meio atrasados não chegámos a fazer nenhuma paragem para procurar animais, sendo que iríamos ter muito tempo para o fazer. Acho que nenhum de nós teria energias para seja o que fosse, e por isso, seguimos diretos para o nosso destino.



Um final esperado: cama

Chegámos ao centro de investigação ValBio já estava noite cerrada, passava das nove da noite, sendo que o sol se põem às cinco e meia. Cansados. Com as pernas praticamente paralisadas. E acima de tudo, cheios de fome! Descarregámos as malas do jipe e levámos tudo para os quartos.

Sem tempo para muito mais, preparei rapidamente a câmara com a objetiva macro e o flash, peguei na lanterna de mão e saímos porta fora pois tínhamos uma refeição quente à nossa espera. E no final das contas a cama estava a chamar por nós. No percurso até à sala de refeições tive ainda tempo de fotografar uma osga e alguns insetos.

Mas só no dia seguinte iriamos testemunhar a magnitude do local onde iriamos ficar nas próximas semanas. Naquele momento, tudo o que eu conseguia pensar era numa palavra: cama.




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